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5 aspectos que fazem um bom profissional querer ficar na sua empresa

05/11/2025

5 aspectos que fazem um bom profissional querer ficar na sua empresa

No mundo do trabalho e do empreendedorismo, há queixas de ambos os lados. Numa ponta, recaem reclamações como falta de oportunidades de crescimento e presença de liderança tóxica; na outra, pouco engajamento e uso excessivo do celular. Existe uma forma de criar, em uma franquia, um ambiente à prova de problemas? A resposta direta é: não. É possível, no entanto, desenvolver estratégias que reduzam pontos de conflito, melhorem a comunicação e permitam alcançar altos níveis de satisfação e permanência da equipe.

O caminho passa pela inovação e pelo abandono de máximas como “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. Quem entra agora no mercado está cada vez mais orientado ao trabalho com propósito. Para acatar ordens é preciso que elas façam sentido. “Essa geração quer construir, saber que faz parte de algo”, afirma o especialista em franquias Eduardo Santinoni, diretor da regional Centro-Oeste da Associação Brasileira de Franchising (ABF).

Não à toa, muitos gestores sinalizam um suposto “desapego” dos trabalhadores. Mas fazer nada em relação a isso não é uma opção, alerta Karen Sitta, analista de mercados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). “Se você não tiver capacidade de retenção desse recurso humano, por si só a empresa não vai se gerir.”

No franchising, considera ela, a dificuldade pode ser maior. Segurar talentos “sempre será um desafio para quem tem ótimos profissionais no quadro”, diz. Não somente porque são disputados pela concorrência como, em alguns casos, porque também estão no radar de outros negócios que atuam sob a mesma bandeira.

Mas há estratégias para reter pessoas na equipe e promover um ambiente saudável. Conheça, a seguir, algumas delas.

1. Capacitação de gestores
“As pessoas pedem demissão dos seus líderes, e não dos seus trabalhos”, observa Santinoni. A liderança precisa se adaptar, ensinando “como fazer e por que fazer, para, aí sim, gerar engajamento”, propõe. “A competição deixou de ser apenas por valores monetários, por ‘um dedo’ a mais de salário. Não vai ser um benefício a mais ou a menos que vai determinar se a pessoa fica ou sai”, avalia.

Os gestores dos tempos atuais precisarão transmitir os valores e o propósito da marca, liderando pelo exemplo. E, destaca Sitta, atuar dentro de princípios éticos, balizas irreversíveis para a aceitação de mercado e dos profissionais, acolhendo consumidores e equipes.

“Às vezes, vale uma mensagem no grupo de comunicação interna ou um prêmio simbólico, como um jantar com acompanhante. O importante é transmitir a valorização”
Laira Seus, vice-presidente de Educação Corporativa da ABRH-RS

2. Treinamento com significado
Formação contínua é o caminho reduzido para alcançar metas com a equipe. Para Sitta, “não estamos falando de um treinamento pontual de boas-vindas que apresenta o conceito do negócio, e sim de um estado permanente, em que o profissional está sempre motivado, reconhecido e aprendendo”.

Além do poder de estimular e motivar os funcionários, esse recurso tem mais um propósito no franchising, destaca a analista do Sebrae: “A reprodução, manutenção e padronização da marca”.

Apenas fornecer programas de treinamento para as equipes já não basta, de acordo com a vice-presidente de Educação Corporativa da Associação Brasileira de Recursos Humanos - Rio Grande do Sul (ABRH-RS), Laira Seus. “As pessoas precisam sentir que aquele conhecimento vai melhorar a vida e a atividade delas, precisam sentir que estão se desenvolvendo”, explica. Para ela, vale investir em cursos e workshops de atendimento humanizado, comunicação e técnicas de como alcançar mais produtividade.

Sair do básico nos insumos motivacionais é premissa. Recomenda-se, por exemplo, avaliar se a oferta de um treinamento diário em vídeo de 1 minuto é mais adequada do que uma palestra por semestre. A análise passa também pelos formatos com maior adesão. Cursos e capacitações acessados via celular no melhor horário para o colaborador podem servir de estímulo.

3. Reconhecimento e valorização
“Se o profissional não percebe reconhecimento, rapidamente sai e vai para outra empresa”, antecipa Sitta. Por isso, parabenizações e elogios pelo desempenho devem fazer parte da rotina dos gestores.

Caso sejam rápidos e públicos, ganham importância redobrada nas novas dinâmicas de trabalho, na avaliação de Seus. “Nem precisam ser grandes premiações”, considera a especialista. Ela orienta: “Às vezes, vale uma mensagem no grupo de comunicação interna ou um prêmio simbólico, como um jantar com acompanhante. O importante é transmitir a valorização”.

Mas se o elogio pode ser público, a orientação é que a crítica seja feita em particular. Trata-se de um gesto de respeito com o trabalhador, segundo a executiva da ABRH-RS. “Existe coisa mais desagradável do que entrar em um negócio e ver um funcionário ser chamado à atenção na frente de todos?”

Com cortesia, educação e uma cultura organizacional forte, equipe e clientes tendem a sentir orgulho da marca. Quando as pessoas reconhecem que trabalham em um lugar bacana, ético e respeitoso, gera-se pertencimento.

Se os trabalhadores avaliam que fazem parte do negócio, há chances de emplacar um programa de indicações bem-sucedido, em que se recebem sugestões de amigos e colegas para trabalhar na unidade, com recompensa quando houver contratação.

4. Comunicação assertiva

A especialista da ABRH-RS destaca a relevância da comunicação clara e contínua com a equipe. Valem pesquisas internas, reuniões abertas e canais de feedback.

Também é necessário transparência sobre a existência de uma trilha de carreira ou plano de sucessão de liderança. “O gestor precisa sinalizar que é possível crescer, e o atendente tem de saber que pode virar caixa, e quanto vai ganhar mais com isso.”

Na prática, ensina ela, o trabalhador deve ser informado sobre a possibilidade de passar de atendente para encarregado e, depois, para supervisor. “Essa visão de futuro gera permanência, gera construção”, resume.

5. Remuneração e benefícios

Salários competitivos fazem a diferença. Os benefícios de saúde integral conquistaram espaço entre os mais valorizados pelos profissionais do mercado. Santinoni esclarece: “Pode ser o plano de saúde, mas é também a academia, o plano nutricional, o plano de saúde mental. Tudo isso tem ganhado uma relevância bem maior”.

Impacto da rotatividade

Não são apenas as verbas rescisórias que entram na conta ao examinar uma demissão. É necessário considerar custos de etapas como recrutamento e treinamento de colaboradores e a perda de experiência na equipe, que pode gerar redução da produtividade. Cada empresa tem suas peculiaridades. Mas para uma conta precisa, que permita avaliar se o corte compensa, vale considerar os seguintes pontos:

  • Seleção: Cada funcionário demanda investimentos em recrutamento, muitas vezes terceirizado e especializado
  • Adaptação: Mudanças na equipe podem reduzir a produtividade do negócio, pois novos funcionários precisam de um tempo para aprender
  • Treinamento: Preparar a equipe envolve gastos
  • Encargos trabalhistas: Demitir e contratar geram obrigações financeiras legais, como multa de 40% sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), quando a dispensa é sem justa causa
  • Experiência: A saída de profissionais experientes pode levar à perda de conhecimentos valiosos para a operação
  • Motivação: A rotatividade desmotiva a equipe e pode afetar o desempenho

Fonte: Pequenas Empresas & Grandes Negócios

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